Comunhão das Igrejas Cristãs Episcopais no Brasil
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Quem Somos
Somos uma Igreja inserida na tradição Espiritual Anglicana e Celta dos primeiros séculos, tendo como expressões históricas as correntes cristãs, litúrgica, carismática e sacramental.

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Como Ser um de Nós
Nos Cânones da CICEB estão declarados os fundamentos de quem somos e no que cremos. Se você deseja fazer parte da CICEB, entre em contato conosco.

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DOCUMENTOS
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CONCLAMAÇÃO DE CHICAGO (EUA): UM APELO AOS EVANGÉLICOS Maio de 1977

PRÓLOGO

Em cada época o Espírito Santo chama a Igreja a examinar sua fé na revelação de Deus na Escritura. Nós reconhecemos com gratidão a bênção de Deus através do ressurgimento evangélico na Igreja. Todavia, a cada época de crescimento, devemos estar alerta para as nossas fraquezas.

Entendemos que hoje os evangélicos estão impossibilitados de alcançar completa maturidade como conseqüência do reducionismo de sua fé histórica. Há uma necessidade de refletir na substância da fé bíblica e histórica e de recuperar a totalidade de sua herança. Sem pretender contemplar todas as nossas necessidades, identificamos oito temas nos quais, nós cristãos evangélicos, devemos fazer cuidadosas considerações teológicas:


UM APELO À CONTINUIDADE DAS RAÍZES HISTÓRICAS

Confessamos que freqüentemente temos nos esvaziado das abundantes riquezas de nossa herança cristã, fruto de uma postura na qual acredita-se que a obra do Espírito Santo e o testemunho das Escrituras estão desconectados com o passado. Agindo assim, tornamo-nos teologicamente rasos, espiritualmente fracos, e ao mesmo tempo encobrimos o que Deus fez aos que nos antecederam na fé e valorizamos nossa cultura em detrimento da obra divina.

Assim, conclamamos os evangélicos a uma redescoberta de nossa completa herança cristã. Através da história da Igreja existe um impulso evangélico para proclamar a imerecida graça de Deus e a reforma da Igreja de acordo com as Escrituras.

Este impulso aparece nas doutrinas dos concílios ecumênicos, na piedade dos pais da Igreja, na teologia agostiniana da graça, no zelo dos reformadores monásticos, na devoção dos místicos e na integridade intelectual dos humanistas cristãos. Ela floresce na fidelidade bíblica dos reformadores protestantes, continua nos esforços dos puritanos e piedosos para complementar e aperfeiçoar a Reforma; é reafirmada nos esforços dos movimentos de avivamento dos séculos 18 e 19 que uniram luteranos, reformados, wesleyanos e outros evangélicos no esforço ecumênico para renovar a igreja e estender sua missão na proclamação e na demonstração social do Evangelho.


UM APELO À FIDELIDADE BÍBLICA

Lamentamos nossa tendência para a interpretação individualista da Bíblia. Isto corta pela raiz o caráter objetivo da revelação bíblica, e nega a orientação do Espírito Santo no pensar teológico dos antigos.

Afirmamos que as Escrituras são a infalível Palavra de Deus, a base da autoridade da Igreja. Afirmamos que Deus usa as Escrituras para julgar e purificar seu Corpo. A Igreja iluminada e guiada pelo Espírito Santo deve interpretar, proclamar e viver as Escrituras.


UM APELO À IDENTIDADE CREDAL

Lamentamos os dois extremos: de um lado uma igreja credal que somente recita uma fé herdada do passado, e de outro, uma igreja de credos que adoece em um vazio doutrinal. Confessamos que, como evangélicos, não somos imunes a estes defeitos.

Afirmamos a necessidade, no tempo atual, de uma Igreja que confesse, que dê testemunho de sua fé ao mundo, mesmo sob perseguição. Em todos os tempos a Igreja deve atestar sua fé contra heresias e paganismo. O que é necessário é uma vibrante confissão exclusiva e inclusiva, cujo objetivo é a purificação da fé e da prática. A autoridade confessional é limitada e derivada da autoridade das Escrituras. A Igreja necessita expressar sua fé, sem abdicar das verdades aprendidas no passado. Precisamos articular nosso testemunho contra as idolatrias e as falsas ideologias de nossos dias.


UM APELO À SALVAÇÃO HOLÍSTICA

Lamentamos a tendência dos evangélicos para entender a salvação unicamente como individual e espiritual, ignorando as necessidades físicas do mundo e os aspectos seculares da salvação de Deus na história.

Incitamos os evangélicos a resgatar a visão holística da salvação. O testemunho das Escrituras é que, devido ao pecado, nosso relacionamento com Deus, conosco mesmos, com o próximo e com a criação, foi rompido. Através do sacrifício de Cristo na cruz, foi possível refazer este relacionamento.
Onde a Igreja tem sido fiel a este chamado, tem proclamado a salvação pessoal, tem sido um canal da cura divina aos necessitados físicos e emocionais; tem procurado justiça para os oprimidos e abandonados.

Como evangélicos, desculpamo-nos por nossa freqüente falha em refletir esta visão holística da salvação. Assim, chamamos a Igreja a participar dessa atividade salvadora de Deus através da prática e da oração, lutando por justiça e liberdade aos oprimidos, sem perder de vista a salvação no novo céu e nova terra escatológica.


UM APELO À INTEGRIDADE SACRAMENTAL

Depreciamos a pobreza da visão sacramental entre os evangélicos. Em grande parte, isso se deve à perda de nossa continuidade com o ensino de muitos dos pais e reformadores, resultando na deterioração da vida sacramental em nossas igrejas. Também a negligência em refletir sobre a o aspecto sacramental da ação de Deus no mundo nos leva a desconsiderar a santidade do viver diário.

Conclamamos os evangélicos a tomar consciência das implicações da criação e da encarnação. Necessitamos reconhecer que a graça de Deus é medida através da fé, por obra do Espírito Santo de um modo extraordinário nos sacramentos do batismo e da Ceia do Senhor. Aqui a igreja proclama, celebra e participa da morte e da ressurreição de Cristo, de modo a alimentar seus membros em suas vidas em antecipação e comunicação do seu reino.


UM APELO À ESPIRITUALIDADE

Nós sofremos de uma negligência de espiritualidade autêntica por um lado, e um excesso de espiritualidade indisciplinada por outro lado. Temos com freqüência procurado uma religiosidade sobre-humana, quando o modelo bíblico nos fala de uma verdadeira humanidade liberta da escravidão do pecado e renovada pelo poder do Espírito Santo.

Conclamamos os evangélicos à busca de uma espiritualidade que encarne todo o conteúdo redentor de Cristo: libertação da culpa, do poder do pecado e vida nova através da ação do Espírito Santo. Afirmamos a centralidade da palavra de Deus como meio pelo qual seu Espírito age para renovar a igreja quer como corpo quer individualmente na vida dos crentes.

A verdadeira espiritualidade se identifica com o sofrimento do mundo e o cultivo da piedade pessoal.
Precisamos redescobrir as fontes devocionais da igreja, incluindo as tradições evangélicas da piedade e do puritanismo.

Conclamamos os evangélicos a uma prática devocional que aprofunde nossa relação com Cristo e com outros cristãos.

Entre essas fontes, estão disciplinas espirituais como oração, meditação, silêncio, jejum e estudo bíblico.


UM APELO À AUTORIDADE DA IGREJA

Lamentamos nossa desobediência ao senhorio de Cristo como expresso na autoridade que ele tem dado à sua Igreja. Isto tem promovido um espírito de autonomia nas pessoas e grupos que resulta em isolacionismo, competição e anarquia dentro do corpo de Cristo. Lamentamos essa ausência de autoridade eclesiástica que possibilita o surgimento tanto de lideranças legalistas por um lado, como, de outro, a indisciplina.

Todos os cristãos estão em submissão uns aos outros, subordinados coletivamente a uma liderança constituída, que por sua vez está submetida a Cristo. A igreja, como povo de Deus, é a presença de Cristo no mundo. Cada cristão deve ser ativo no culto e no serviço através do exercício de dons e ministérios. Na igreja, estamos em união vital com Cristo e com o próximo. Isto evidencia uma comunidade com profundo envolvimento e compromisso de tempo, energias e bens.
Além disso, a disciplina na igreja está baseada na Bíblia e sob a direção do Espírito Santo. Isto é essencial para o bem-estar e ministério do povo de Deus.


UM APELO À UNIDADE DA IGREJA

Lamentamos o isolamento escandaloso e a separação entre os cristãos. Acreditamos que tal divisão é contrária ao desejo de Cristo para que sejamos um a fim de que o mundo creia em nosso testemunho. O evangelicalismo também é historicamente caracterizado por um uma mentalidade sectária. Falhamos em não assumir a catolicidade do cristianismo histórico, como também a amplitude da revelação bíblica.

Encorajamos os evangélicos ao retorno do conceito ecumênico dos reformadores e dos recentes movimentos de renovação evangélica. Devemos rever criticamente nossas tradições, reconhecer que Deus trabalha dentro de várias correntes históricas. Devemos resistir aos esforços de se promover a união a qualquer custo, como também evitar os conceitos espiritualizados de união de igrejas. Estamos convencidos de que a unidade em Cristo requer expressões definidas e concretas. Nesta crença, apreciamos o desenvolvimento de encontros e cooperações dentro da igreja de Cristo.

Enquanto evitamos o indiferentismo doutrinário, encorajamos o aumento de discussões e cooperação, dentro e fora de suas respectivas tradições, procurando áreas comuns de concordância e entendimento.

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CREDO APOSTÓLICO

Creio em Deus Pai Todo-poderoso, Criador do céu e da terra;

E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo, nasceu da virgem Maria, padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu ao Hades, ressuscitou ao terceiro dia, subiu ao céu e está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.

Creio no Espírito Santo, na santa igreja católica, na comunhão dos santos, na remissão dos pecados, na ressurreição do corpo, na vida eterna. Amém.

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CREDO NICENO


Creio em um só Deus, Pai Onipotente, criador do céu e da terra, e de todas as coisas visíveis e invisíveis.

Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, gerado do Pai antes de todos os séculos; Deus de Deus, Luz de Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus; gerado, não feito; consubstancial com o Pai, por quem todas as coisas foram feitas; que por nós e para nossa salvação desceu dos céus e encarnou, por obra do Espírito Santo, da virgem Maria, e se fez homem.
Foi também crucificado sob o poder de Pôncio Pilatos, padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e subiu aos céus, e está sentado à direita do Pai; e virá outra vez com glória para julgar os vivos e os mortos, e o seu reino não terá fim.

Creio no Espírito Santo, Senhor Doador da vida, procedente do Pai e do Filho; que, com o Pai e o Filho, é juntamente adorado e glorificado; o qual falou pelos profetas.

E creio na igreja una, santa, católica e apostólica. Reconheço um só batismo para remissão dos pecados e espero a ressurreição dos mortos e a vida do mundo vindouro. Amém.


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OS 39 ARTIGOS DE RELIGIÃO

ARTIGO I - DA FÉ NA SANTÍSSIMA TRINDADE

Há um único Deus, vivo e verdadeiro, eterno, sem corpo, sem partes nem paixões, de infinito poder, sabedoria e bondade; Criador e Conservador de todas as coisas visíveis e invisíveis. E na unidade desta Divindade há três Pessoas, da mesma substância, poder e eternidade: o Pai, o Filho, e o Espírito Santo.

ARTIGO II - DO VERBO OU FILHO DE DEUS, QUE SE FEZ VERDADEIRO HOMEM

O Filho, que é o Verbo do Pai, gerado ab æterno do Pai, verdadeiro e sempiterno Deus, e consubstancial com o Pai, tomou a natureza humana no ventre da bendita Virgem e da sua substância; de sorte que as duas inteiras e perfeitas Naturezas, isto é, divina e humana, se reuniram em uma Pessoa, para nunca mais se separarem, das quais resultou Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem; que verdadeiramente padeceu, foi crucificado, morto e sepultado, para reconciliar seu Pai conosco, e ser vítima não só pela culpa original, mas também pelos atuais pecados dos homens.

ARTIGO III - DA DESCIDA DE CRISTO AO HADES

Assim como Cristo morreu por nós, e foi sepultado; assim também deve ser crido que desceu ao Hades.

ARTIGO IV - DA RESSURREIÇÃO DE CRISTO

Cristo verdadeiramente ressurgiu dos mortos e tomou de novo o seu corpo, com carne, ossos e tudo o mais pertencente à perfeição da natureza humana; com o que subiu ao Céu, e lá está assentado, até que volte a julgar todos os homens, no derradeiro dia.

ARTIGO V - DO ESPÍRITO SANTO

O Espírito Santo, procedente do Pai e do Filho, é da mesma substância, majestade e glória que o Pai e o Filho, verdadeiro e eterno Deus.

ARTIGO VI - DA SUFICIÊNCIA DAS ESCRITURAS SAGRADAS PARA A SALVAÇÃO

A Escritura Sagrada contém todas as coisas necessárias para a salvação; de modo que tudo o que nela não se lê, nem por ela se pode provar, não deve ser exigido de pessoa alguma seja crido como artigo de fé ou julgado como requerido ou necessário para a salvação. Pelo nome de Escritura Sagrada entendemos os Livros canônicos do Velho e do Novo Testamentos, de cuja autoridade jamais houve qualquer dúvida na Igreja .

Dos nomes e número dos livros canônicos

Gênesis - Êxodo - Levítico - Números - Deuteronômio - Josué - Juízes - Rute - I Samuel - II Samuel - I Reis - II Reis - I Crônicas - II Crônicas - Esdras - Neemias - Ester - Jó - Salmos - Provérbios - Eclesiastes ou Pregador - Cântico dos Cânticos - Isaías - Jeremias - Lamentações de Jeremias - Ezequiel - Daniel - Oséias - Joel - Amós - Obadias - Jonas - Miquéias - Naum - Habacuque - Sofonias - Ageu - Zacarias - Malaquias.

E os outros Livros (como diz Jerônimo) a Igreja os lê para exemplo de vida e instrução de costumes; mas não os aplica para estabelecer doutrina alguma; tais são os seguintes:
III Esdras - IV Esdras - Tobias - Judite - O restante dos livros de Ester - Sabedoria - Jesus, filho de Siraque - Baruque - O Cântico dos Três Mancebos - A história de Suzana - De Bel e o dragão - Oração de Manassés - I Macabeus - II Macabeus.

Recebemos e contamos por canônicos todos os 27 Livros do Novo Testamento, como são comumente recebidos.


ARTIGO VII - DO VELHO TESTAMENTO

O Velho Testamento não é contrário ao Novo; porquanto em ambos, tanto o Velho como o Novo, se oferece a vida eterna ao gênero humano, por Cristo, que é o único mediador entre Deus e o homem sendo ele mesmo Deus e homem. Portanto não devem ser ouvidos os que pretendem que os antigos pais só esperaram promessas transitórias. Ainda que a Lei de Deus, dada por meio de Moisés, no que respeita a cerimônia e ritos, não obrigue os cristãos, nem devem ser recebidos necessariamente os seus preceitos civis em nenhuma comunidade; todavia, não há cristão algum que esteja isento, da obediência aos mandamentos que se chamam morais.

ARTIGO VIII - DOS CREDOS

O Credo Niceno e o que ordinariamente se chama Símbolo dos Apóstolos devem ser inteiramente recebidos e cridos; porque se podem provar com autoridade muito certa da Escritura Sagrada.

ARTIGO IX - DO PECADO ORIGINAL

O pecado original não consiste na imitação de Adão (como vãmente pregado pelos pelagianos); é, porém, a falta e corrupção da natureza de todo o homem gerado naturalmente da semente de Adão; pelas quais o homem dista muitíssimo da retidão original e é de sua própria natureza inclinado ao mal, de sorte que toda a carne sempre cobiça contra o espírito; e, por isso, toda pessoa que nasce neste mundo merece a ira e condenação de Deus. E esta infecção da natureza ainda permanece também nos que são regenerados, pela qual o apetite carnal chamado em grego phrônema sarkós (que uns interpretam sabedoria, outros sensualidade, outros afeição e outros desejo carnal), não sujeito à Lei de Deus e apesar de que não há condenação para os que crêem e são batizados, contudo o apóstolo confessa que a concupiscência e a luxúria têm em si mesmas a natureza do pecado.

ARTIGO X - DO LIVRE ARBÍTRIO

A condição do homem depois da queda de Adão é tal que ele não pode converter-se e preparar-se a si mesmo por sua própria força natural e boas obras, para a fé e invocação a Deus. Portanto não temos o poder de fazer boas agradáveis e aceitáveis a Deus, sem que a graça de Deus por Cristo nos previna, para que tenhamos boa vontade, e coopere conosco enquanto temos essa boa vontade.

ARTIGO XI - DA JUSTIFICAÇÃO DO HOMEM

Somos reputados justos perante Deus, somente pelo mérito do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo pela Fé, e não por nossos próprios merecimentos e obras. Portanto, é doutrina mui saudável e cheia de consolação a de que somos justificados somente pela fé, como se expõe mais amplamente na Homilia da Justificação.

ARTIGO XII - DAS BOAS OBRAS

Ainda que as boas obras, que são os frutos da fé, e seguem a justificação, não possam expiar os nosso pecados, nem suportar a severidade do juízo de Deus; são, todavia, agradáveis e aceitáveis a Deus em Cristo, e brotam necessariamente duma verdadeira e viva fé; tanto que por elas se pode conhecer tão evidentemente uma fé viva como uma árvore se julga pelo fruto.

ARTIGO XIII - DAS OBRAS ANTES DA JUSTIFICAÇÃO

As obras feitas antes da graça de Cristo, e da inspiração do seu Espírito, não são agradáveis a Deus, porquanto não procedem da fé em Jesus Cristo; nem fazem os homens dignos de receber a graça, nem (como dizem os autores escolásticos) merecem a graça de congruidade; muito pelo contrário, visto que elas não são feitas como Deus quis e ordenou que fossem feitas, não duvidamos terem elas a natureza do pecado.

ARTIGO XIV - DAS OBRAS DE SUPERERROGAÇÃO

As obras voluntárias, que excedem os mandamentos de Deus, e que se chamam obras de supererrogação, não se pode ensinar sem arrogância e impiedade; porque por elas declaram os homens que não só rendem a Deus tudo a que são obrigados, mas também a favor dele fazem mais do que, como rigoroso dever, lhes é requerido; ainda que Cristo claramente disse: Quando tiveres feito tudo o que vos está ordenado dizei: Somos servos inúteis.

ARTIGO XV - DE CRISTO ÚNICO SEM PECADO

Cristo, na verdade de nossa natureza foi feito semelhante a nós em todas as coisas exceto no pecado, do qual foi totalmente isento, tanto na sua carne como no seu espírito. Ele veio para ser o Cordeiro imaculado, que, pelo sacrifício de si mesmo uma vez oferecido tirasse os pecados do mundo; e o pecado (como diz S. João) não estava nele. Porém nós, os demais homens, posto que batizados, e nascidos de novo em Cristo, ainda pecamos em muitas coisas; e se dissermos que não temos pecado, a nós mesmos nos enganamos, e não há verdade em nós.

ARTIGO XVI - DO PECADO DEPOIS DO BATISMO

Nem todo pecado mortal voluntariamente cometido depois do Batismo é pecado contra o Espírito Santo, e irremissível. Pelo que não se deva negar a graça do arrependimento aos que tiverem caído em pecado depois do batismo. Depois de termos recebido o Espírito Santo, podemos apartar-nos da graça concedida, e cair em pecado, e pela graça de Deus levantar-nos de novo e emendar nossas vidas. Devem, portanto, ser condenados os que dizem que já não podem pecar mais, enquanto aqui vivem, ou os que negam a oportunidade de perdão às pessoas verdadeiramente arrependidas.

ARTIGO XVII - PREDESTINAÇÃO E ELEIÇÃO

A predestinação para a vida é o eterno propósito de Deus, pelo qual (antes de lançados os fundamentos do mundo) tem constantemente decretado por seu conselho, a nós oculto, livrar da maldição e condenação os que elegeu em Cristo dentre o gênero humano, e conduzi-los por Cristo à salvação eterna, como vasos feitos para a honra. Por isso os que se acham dotados de um tão excelente benefício de Deus, são chamados segundo o propósito de Deus, por seu Espírito operando em tempo devido; pela graça obedecem à vocação; são justificados gratuitamente; são feitos filhos de Deus por adoção; são criados conforme a imagem de seu Unigênito Filho Jesus Cristo; vivem religiosamente em boas obras, e enfim chegam, pela misericórdia de Deus, à felicidade eterna.

Assim como a pia consideração da predestinação, e da nossa eleição em Cristo, é cheia de um doce, suave, e inexplicável conforto para as pessoas devotas, e os que sentem em si mesmos a operação do Espírito de Cristo, mortificando as obras da carne, e seus membros terrenos, e levantando o seu pensamento às coisas altas e celestiais, não só porque muito estabelece e confirma a sua fé na salvação eterna que hão de gozar por meio de Cristo, mas porque veemente acende o seu amor para com Deus; assim para as pessoas curiosas e carnais, destituídas do Espírito de Cristo, o ter de contínuo diante dos seus olhos a sentença da Predestinação de Deus, é um princípio muitíssimo perigoso, por onde o Diabo as arrasta ao desespero, ou a que vivam numa segurança de vida impuríssima, não menos perigosa que a desesperação.

Além disso, devemos receber as promessas de Deus de modo que nos são geralmente propostas nas Escrituras Sagradas; e seguir em nossas obras a vontade de Deus, que nos é expressamente declarada na Sua Palavra.


ARTIGO XVIII - DE OBTER A SALVAÇÃO ETERNA UNICAMENTE PELO NOME DE CRISTO

Devem ser também tidos por amaldiçoados os que se atrevem a dizer que todo o homem será salvo pela lei ou seita que professa, contanto que seja cuidadoso em modelar sua vida segundo essa lei e o lume da natureza. Porque a Escritura Santa somente nos propõe o nome de Jesus Cristo, como único meio pelo qual os homens se hão de salvar.

ARTIGO XIX - DA IGREJA

A Igreja visível de Cristo é uma congregação de fiéis, na qual é pregada a pura Palavra de Deus, e são devidamente administrados os sacramentos conforme à Instituição de Cristo em todas as coisas que necessariamente se requerem neles.
Assim como a Igreja de Jerusalém, de Alexandria, e de Antioquia erraram; assim também a Igreja de Roma errou, não só quanto às suas práticas, ritos e cerimônias, mas também em matéria de fé.


ARTIGO XX - DA AUTORIDADE DA IGREJA

A Igreja tem poder de decretar ritos ou cerimônias, e autoridade nas controvérsias da fé, todavia não é lícito à Igreja ordenar coisa alguma contrária à Palavra de Deus escrita, nem expor um lugar da Escritura de modo que repugne a outro. Portanto, se bem que a Igreja seja testemunha e guarda da Escritura Sagrada, todavia, assim como não é lícito decretar coisa alguma contra ela, também não se deve obrigar a que seja acreditada coisa alguma, que nela não se encontra, como necessária para a salvação.

ARTIGO XXI - DA AUTORIDADE DOS CONCÍLIOS GERAIS

[O vigésimo primeiro artigo dos precedentes é omitido porque é, em parte, dum caráter local e civil, e é provido, no tocante às restantes partes dele, em outros artigos].

ARTIGO XXII - DO PURGATÓRIO

A doutrina romana relativa ao purgatório, indulgências, veneração e adoração tanto de imagens como de relíquias, e também à invocação dos santos, é uma coisa fútil e vãmente inventada, que não se funda em testemunho algum da Escritura, mas ao contrário repugna à Palavra de Deus.

ARTIGO XXIII - DA MINISTRAÇÃO NA IGREJA

A ninguém é lícito tomar sobre si o cargo de pregar publicamente, ou administrar os sacramentos na congregação, antes que seja legalmente chamado, e enviado a executá-lo. E devemos julgar por legalmente chamados e enviados aqueles que tiverem sido escolhidos e chamados para esta obra pelos homens revestidos publicamente de autoridade, dada à eles na congregação, para chamar e enviar ministros à vinha do Senhor.

ARTIGO XXIV - DA LÍNGUA VERNÁCULA DO CULTO

Repugna evidentemente a Palavra de Deus, e ao uso da Igreja primitiva dizer orações públicas na Igreja, ou administrar os sacramentos em língua que o povo não entende.

ARTIGO XXV - DOS SACRAMENTOS

Os sacramentos instituídos por Cristo não são unicamente designações ou indícios da profissão dos cristãos, mas antes testemunhos certos e firmes, e sinais eficazes da graça, e da boa vontade de Deus para conosco pelos quais ele opera invisivelmente em nós, e não só vivifica, mas também fortalece e confirma a nossa fé nele.

São dois os sacramentos instituídos por Cristo nosso Senhor no Evangelho, isto é, o batismo e a ceia do Senhor.

Os cinco vulgarmente chamados sacramentos, isto é, confirmação, penitência, ordens, matrimônio, e extrema unção, não devem ser contados como sacramentos do Evangelho, tendo em parte emanado duma viciosa imitação dos apóstolos, e sendo em parte estados de vida aprovados nas Escrituras; não têm, contudo, a mesma natureza de sacramentos peculiar ao batismo e à ceia do Senhor, porque não tem sinal algum visível ou cerimônia instituída por Deus.

Os sacramentos não foram instituídos por Cristo para servirem de espetáculo, ou serem levados em procissão, mas sim para devidamente os utilizarmos. E só nas pessoas que dignamente os recebem é que produzem um saudável efeito ou operação; mas os que indignamente os recebem adquirem para si mesmos a condenação, como diz São Paulo.


ARTIGO XXVI - DA INDIGNIDADE DOS MINISTROS, A QUAL NÃO IMPEDE O EFEITO DOS SACRAMENTOS

Ainda que na Igreja visível os maus sempre estejam misturados com os bons, e às vezes os maus tenham a principal autoridade na Administração da Palavra e dos Sacramentos; todavia, como não o fazem em seu próprio nome, mas no de Cristo, e em comissão e por autoridade dele administram, podemos usar do seu Ministério, tanto em ouvir a Palavra de Deus, como em receber os Sacramentos.

Nem o efeito da ordenança de Cristo é tirado pela sua iniqüidade, mas a graça dos dons de Deus diminui para as pessoas que com fé e devidamente recebem os sacramentos que se lhe administram; os quais são eficazes por causa da instituição e promessa de Cristo, apesar de serem administrados por homens maus.

Não obstante, à disciplina da Igreja pertence que se inquira acerca dos ministros maus, e que sejam estes acusados por quem tenha conhecimento de seus crimes; e sendo, enfim, reconhecidos culpados, sejam depostos mediante justa sentença.


ARTIGO XXVII - DO BATISMO

O batismo não só é um sinal de profissão e marca de diferença, com que se distinguem os cristãos dos que o não são, mas também um sinal de regeneração ou novo nascimento, pelo qual, como por instrumento, os que recebem o batismo devidamente, são enxertados na Igreja; as promessas da remissão dos pecados, e da nossa adoção como filhos de Deus pelo Espírito Santo, são visivelmente marcadas e seladas, a fé é confirmada, e a graça aumentada por virtude da oração de Deus.

O batismo das crianças deve conservar-se de qualquer modo na Igreja como sumamente conforme à instituição de Cristo.


ARTIGO XXVIII - DA CEIA DO SENHOR

A ceia do Senhor não só é um sinal de mútuo amor que os cristãos devem ter uns para com os outros; mas antes é um sacramento da nossa redenção pela morte de Cristo, de sorte que para os que devida e dignamente, e com fé o recebem, o pão que partimos é uma participação do Corpo de Cristo; e de igual modo o cálice de bênção é uma participação do Sangue de Cristo.

A transubstanciação (ou mudança da substância do pão e do vinho) na ceia do Senhor, não se pode provar pela Escritura Sagrada; mas antes repugna às palavras terminantes da Escritura, subverte a natureza do sacramento, e tem dado ocasião a muitas superstições. O Corpo de Cristo é dado, tomado, e comido na ceia, somente dum modo celeste e espiritual. E o meio pelo qual o Corpo de Cristo é recebido e comido na ceia é a fé.

O sacramento da ceia do Senhor não foi pela ordenança de Cristo reservado, nem levado em procissão, nem elevado, nem adorado.


ARTIGO XXIX - DOS ÍMPIOS, QUE NÃO COMEM O CORPO DE CRISTO NA CEIA DO SENHOR

Os ímpios, e os destituídos da fé viva, ainda que carnal e visivelmente comprimam com os dentes (como diz santo Agostinho) o sacramento do Corpo e Sangue de Cristo; nem por isso são de maneira alguma participantes de Cristo: mas antes, para sua condenação, comem e bebem o sinal ou sacramento de uma coisa tão importante.

ARTIGO XXX - DE AMBAS AS ESPÉCIES

O cálice do Senhor não se deve negar aos leigos; porque ambas as partes do sacramento do Senhor, por instituição e ordem de Cristo, devem ser administradas a todos os cristãos igualmente.

ARTIGO XXXI - DA ÚNICA OBLAÇÃO DE CRISTO CONSUMADA NA CRUZ

A oblação de Cristo uma só vez consumada é a perfeita redenção, propiciação, e satisfação por todos os pecados, tanto originais como atuais, do mundo inteiro; e não há nenhuma outra satisfação pelos pecados, senão esta unicamente. Portanto os sacrifícios das missas, nos quais vulgarmente se dizia que o sacerdote oferecia Cristo para a remissão da pena ou culpa, pelos vivos ou mortos, são fábulas blasfemas e enganos perigosos.

ARTIGO XXXII - DO CASAMENTO DE SACERDOTES

Os bispos, presbíteros e diáconos não são obrigados, por preceito algum da lei de Deus, a votar-se ao estado celibatário, ou abster-se do matrimônio; portanto é-lhes lícito, como aos demais cristãos, casar como entenderem, se julgarem que isso lhes é mais útil à piedade.

ARTIGO XXXIII - COMO DEVEMOS EVITAR AS PESSOAS EXCOMUNGADAS

Aquele que por denúncia pública da Igreja for justamente separado da unidade da Igreja, e suspenso da comunhão, deve ser tido por pagão e publicano por todos os fiéis, até que seja mediante penitência recebido nas Igreja por um juiz que tenha autoridade para isso.

ARTIGO XXXIV - DAS TRADIÇÕES DA IGREJA

Não é necessário que as tradições e cerimônias sejam em toda parte as mesmas, ou totalmente semelhantes; porque em todos os tempos têm sido diversas, e podem ser alteradas segundo as diversidades dos países, tempo e costumes dos homens, contanto que nada se estabeleça contrário à Palavra de Deus. Todo aquele que por seu particular juízo, com ânimo voluntário e deliberado, quebrar manifestamente as tradições e cerimônias da Igreja, que não são contrárias à Palavra de Deus, e se acham estabelecidas e aprovadas pela autoridade comum, (para que outros temam fazer o mesmo), deve ser publicamente repreendido, como quem ofende a ordem comum da Igreja, fere a autoridade do magistrado, e vulnera as consciência dos irmãos débeis.
Toda a Igreja particular ou nacional tem autoridade, para ordenar, mudar e abolir as cerimônias ou ritos da Igreja, instituídos unicamente pela autoridade humana, contanto que tudo se faça para edificação.


ARTIGO XXXV - DAS HOMILIAS

O Segundo livro das Homilias, cujos títulos reunimos abaixo deste artigo, contém doutrina pia, saudável e necessária para estes tempos, como também o primeiro livro das Homilias, publicado ao tempo de Eduardo VI; e portanto julgamos que devem ser lidas pelos ministros, diligente e distintamente nas igrejas, para que sejam entendidas pelo povo.

Dos nomes das homilias

1. Do uso correto da Igreja
2. Contra o perigo da idolatria
3. Do reparo e asseio das Igrejas
4. Das boas obras: principalmente jejum
5. Contra a glutonaria e embriaguez
6. Contra o luxo do vestuário
7. Da oração
8. Do lugar e Templo da Oração
9. De como Orações e Sacramentos se devem ministrar em língua conhecida
10. Da reverente estima à Palavra de Deus
11. Das esmolas
12. Da natividade de Cristo
13. Da Paixão de Cristo
14. Da ressurreição de Cristo
15. Da digna recepção do Sacramento do Corpo de Cristo
16. Dos dons do Espírito Santo
17. Para os dias de Rogações
18. Do estado do matrimônio
19. Do arrependimento
20. Contra a ociosidade
21. Contra a rebelião


[Este Artigo é recebido nesta Igreja enquanto declara que os livros das Homilias são explicações da doutrina cristã, e se destinam à instrução na piedade e moralidade. As referências à constituição e leis da Inglaterra são, porém, consideradas implacáveis às circunstâncias desta Igreja pelo que está suspensa também a ordem para leitura das referidas Homilias nas Igrejas, até que se proceda à revisão que se impõe, para livrá-las tanto de palavras obsoletas como das referências de natureza local].

ARTIGO XXXVI - DA SAGRAÇÃO DE BISPOS E MINISTROS

O livro da sagração de Bispos, e ordenação de Presbíteros e Diáconos, estabelecido pela Convenção Geral desta Igreja em 1792 contém tudo quanto é necessário para a referida sagração e ordenação; nem há nele coisa alguma que seja por si mesma supersticiosa e ímpia. E, por conseqüência, todos aqueles que são sagrados ou ordenados segundo a referida fórmula, decretamos que todos eles são reta, canônica e legalmente ordenados.

ARTIGO XXXVII - DO PODER DOS MAGISTRADOS CIVIS

O poder do magistrado civil estende-se a todos os homens, tanto clérigo como leigos, em todas as coisas temporais; porém não tem autoridade alguma em coisa puramente espirituais. E temos por dever de todos os homens que professam o Evangelho o renderem obediência respeitosa à autoridade civil, que é regular e legitimamente constituída.

ARTIGO XXXVIII - DE QUE NÃO SÃO COMUNS OS BENS ENTRE CRISTÃOS

As riquezas e bens dos cristãos não são comuns quanto ao direito, título e posse, como falsamente apregoam certos anabatistas. Todos, no entanto, das coisas que possuem devem dar liberalmente esmola aos pobres, segundo o seu poder.

ARTIGO XXXIX - DO JURAMENTO DUM CRISTÃO

Assim como confessamos que o juramento vão e temerário é proibido aos cristãos por nosso Senhor Jesus Cristo, e por Tiago, seu apóstolo, assim também julgamos que a religião cristã de nenhum modo proíbe que uma pessoa jure quando o magistrado o exige em causa de fé e caridade; contanto que isto se faça segundo a doutrina do profeta, em justiça, juízo e verdade.

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DECLARAÇÃO DE ATLANTA
COMUNHÃO DAS IGREJAS CRISTÃS EPISCOPAIS


Queridos irmãos e irmãs em Cristo:

O Congresso Anglicano dos EUA, ocorrido de 4 a 7 de dezembro de 2002, em Atlanta, foi maravilhoso. Aproximadamente 300 pessoas participaram, dentre os quais, pelo que pude ver, 20 bispos, que assinaram a Declaração anexa. Agradeço a Deus por nos ter reunido e ao anfitrião, Padre Richard Kew.

The Living Church Magazine me chamou esta semana e referiu-se ao Congresso e à Declaração como "históricos...".

Em Cristo,


+Peter W. Riola
Diocese de St. Paul - Minnesota (EUA)
Communion of Evangelical Episcopal Churches-CEEC
http://episcopal.cjb.net


DECLARAÇÃO DE ATLANTA

Nós, bispos na Igreja de Deus, abaixo-assinados, participando do Congresso Anglicano, reunido na St. Philips Cathedral, em Atlanta, Geórgia, de 4 a 7 de dezembro de 2002, por este meio declaramos nossa unidade no compromisso comum para as seguintes
normas:


NORMAS DO REINO (PARA COOPERAÇÃO E RESPONSABILIDADE)

Nossa lealdade comum é para com Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, e para com a fé e a moral católicas históricas. Nós estamos, então:

1. Comprometidos com a unidade entre os anglicanos ortodoxos, os que pertencem e os que não pertencem à Comunhão Anglicana como presentemente está constituída, respeitando um ao outro, embora chamados em jurisdições diferentes, e respeitando nossas diferenças, considerando o Livro de Oração Comum e o ministério ordenado de mulheres, durante este período de aceitação e discernimento. Levando isto em conta, estamos:

(a) Comprometidos a honrar os ministérios um do outro em palavra e ação, até mesmo quando existe alguma discordância;

(b) Comprometidos a consultar cada um pessoalmente em caso de má fé alegada ou percebida;

(c) Comprometidos a não falar mal um do outro; e


2. Comprometidos a trabalhar juntos em missão:

(a) Proclamando o Evangelho,
(b) Desafiando os falsos ensinos, e
(c) Trabalhando em colegiado no desenvolvimento de estratégias missionárias.

(assinado)

+Robert Duncan, ECUSA, Pittsburgh
+Ray B. Sutton, Dallas, REC
+Leonard W. Riches, presiding bishop, REC
+Jack L. Iker, ECUSA, Fort Worth
John H. Rodgers, Jr., AMiA
+Keith L. Ackerman, ECUSA, Quincy
+Donald Perschall, American Anglican Church
+Richard J. Boyer, Anglican Province of America, Seattle
+Daniel R. Morse
+Maurice W. Sinclair, Retired Bishop, Southern Cone
+James W. West, Jr.
+Peter Brewer
+Walter H. Grundorf
+Molcomb Howley
+Alden M. Hathaway
+Bernard M. Malango, Africa
+Francis R. Lyons, Bolivia
Charles H. Murphy III, AMiA
+Thaddeus R. Brown Barnum, AMiA
+Peter W. Riola, Diocese of St. Paul (CEEC)

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DECLARAÇÃO DE MONTREAL

Na qualidade de membros da Igreja Anglicana do Canadá, representantes de cada província e território do país, e como participantes da “Conferência sobre o Essencial”, em Montreal, 1994, juntos louvamos a Deus por sua graça salvadora e pelo companheirismo que desfrutamos com nosso Senhor e uns com os outros.

Afirmamos os seguintes pontos essenciais à fé cristã:

1. Cremos em Deus Trino

Há um só Deus, que se auto-revelou como três pessoas “de uma só substância, poder e eternidade”, o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Por causa do evangelho, rejeitamos qualquer proposta para modificar ou marginalizar esses termos e afirmamos seu justo lugar na oração, na liturgia e no canto de hinos. O evangelho nos convida pelo Espírito Santo a compartilhar companheirismo eternamente com o Deus Trino, como filhos adotados na família de Deus na qual Jesus Cristo é ao mesmo tempo nosso Salvador e nosso Irmão.

Dt 6:4, Is 45:5, Mt 28:19, II Co 13:14, Gl 4 :4-6, II Ts 2:13-14, I Pd 1:2, Jd 20 :21 (Ver Artigo I dos 39 Artigos de Religião)

2. Cremos em Deus: Criador, Redentor e Santificador

O Todo-poderoso Deus Trino criou um universo que em todo sentido era bom, até a queda e a confusão produzidas pela rebelião de suas criaturas. Tendo sido introduzido o pecado, Deus em amor se propôs restaurar a ordem cósmica com:

• o chamado de um povo com o qual fez um pacto, a saber, Israel.
• a vinda de Jesus Cristo para nos redimir.
• o derramamento do Espírito Santo para nos santificar.
• o surgimento e a edificação da Igreja para lhe oferecer culto e dar testemunho no mundo.
• a segunda vinda de Cristo em glória para fazer novas todas as coisas. Através da história, o desenvolvimento do plano de Deus se caracteriza por suas obras milagrosas de poder.
Gn 1:3, Is 40:28, 65:17, Mt 6:10, At 17:24-26-28, I Co 15:28, II Co 5:19, Ef 1:11, II Tm 3:16, Hb 11:3, Ap 21:5 (Ver Artigo I)

3. Afirmamos que a Palavra se fez carne. Cremos em Jesus Cristo
• o Filho encarnado de Deus, nascido sem pecado, da virgem Maria.
• ressuscitado dos mortos corporalmente e agora reinando em glória, ainda presente com seu povo pelo Espírito Santo.
• que é a um só tempo o Jesus da história e o Cristo das Escrituras.
• é Deus conosco, o único mediador entre Deus e a humanidade, a Fonte da salvação e o Doador da vida eterna à igreja universal.

Mt 1:24,25, Mc 15:20-37, Lc 1:35, Jo 1:14, 17:20-21, At 1:9-11, 4:12, Rm 5:17, Fl 2:5-6, Cl 2:9, 1 Tm 2:5-6, Hb 1:2, 9:15 (Ver Artigos II-IV, e o Credo Niceno)

4. Cremos em Jesus Cristo, o único Salvador

O pecado humano é rebelião orgulhosa contra a autoridade de Deus. Expressa-se em nossa rejeição a viver em amor tanto com o Criador como com suas criaturas. O pecado corrompe nossa natureza e o seu resultado é a injustiça, a opressão, a desintegração tanto em nível pessoal como social. Portanto, somos culpáveis diante de Deus.

• O pecado destrói a esperança e nos conduz a um futuro sem Deus e separados de todo o bem.
• O único que pode nos salvar da culpa, da vergonha e do pecado é Jesus Cristo. Ele é o único que pode nos tirar do caminho do pecado.
• O arrependimento genuíno e a fé verdadeira nele são os únicos caminhos que nos levam à salvação.
• Por seu sacrifício propiciatório na cruz por nossos pecados, Jesus venceu os poderes das trevas e assegurou nossa redenção e justificação. Por sua ressurreição corporal garantiu a futura ressurreição e o galardão eterno de todos os crentes. Por seu dom regenerador do Espírito, restaura nossa natureza decaída e nos renova à sua imagem.
Por isso, afirmamos:
• Em cada geração, ele é o caminho, a verdade e a vida para indivíduos pecadores e o único arquiteto e construtor da comunidade humana restaurada.

Jo 14:6, At 1:9-11, 2:32-33, 4:12, Rm3:22-25, I Co 15:20-24, II Co 5:18-19, Fl 2:9-11, Cl 2:13-15, I Tm 2:5-6, I Pe 1:3-5, I Jo 4:14, 5:11-12 (Ver artigos II, IV, XI, XV, XVIII e XXXI).

5. Cremos no Espírito de vida, o Espírito Santo, “o Senhor, doador da vida”

• enviado à igreja pelo Pai e pelo Filho.
• revela a glória de Jesus Cristo.
• convence-nos do pecado.
• transforma-nos interiormente.
• leva-nos a ter fé.
• ajuda-nos a viver com justiça.
• cria a comunhão
• dá-nos poder para o serviço
• o Espírito Santo transforma nossa natureza humana e nos dá uma verdadeira idéia do céu.
A unidade em amor dos cristãos e das igrejas cheios do Espírito Santo é sinal da poderosa verdade do cristianismo.

Gn 1:2, Ex 31:2-5, Sl 51:11, Jo 3:5-6, 14:26, 15:26,16:7-11, 13,15, I Co 2 :4, 6 :19, 12:4-7, II Co 3 :18, Gl 4:4-6, 5:22-26, Ef 1:13-24, 5:18, I Ts 5:19, II Tm 3:16. (Ver Credo Niceno)

6. A autoridade da Bíblia

As Escrituras canônicas do Antigo e do Novo Testamentos são “a Palavra de Deus escrita” inspirada e autorizada, verdadeira e confiável, coerente e suficiente para a salvação. “A Palavra de Deus escrita” tem vida e é poderosa como guia divino tanto para a conduta quanto para a fé cristã.
A fé trinitária, cristocêntrica, orientada para a redenção, que se encontra na Bíblia, está definida nos credos ecumênicos históricos e nos documentos anglicanos fundamentais.

Em cada época, o Espírito Santo conduz o povo de Deus, a igreja, a submeter-se à direção das Escrituras. Para isso, emprega sempre como pontos de referência o respeito pelas sãs tradições, o uso humilde da razão humana e a oração.

A igreja não pode se constituir em juíza das Escrituras, selecionando e descartando seus ensinamentos. As Escrituras, sob a autoridade de Cristo, é que julgam a igreja para aferir sua fidelidade à verdade por ele revelada.

Dt 29:29, Is 40:8, 55:11, Mt 5 :17-18, Jo 10:35, 14:26, Rm 1:16, Ef 1:17-19, II Tm 2:15, 3:14-17, II Pe 1:20-21 (Ver Artigos VI, VIII e XX).

7. A Igreja de Deus
A sociedade sobrenatural denominada Igreja é:
• a família de Deus.
• o corpo de Cristo.
• o templo do Espírito Santo.

É a comunidade dos crentes, justificados pela fé em Cristo, incorporados à vida ressuscitada de Cristo e posta sob a autoridade das Sagradas Escrituras como a Palavra de Cristo. A igreja na terra está unida por meio de Cristo à igreja no céu na comunhão dos santos. Através do ministério da igreja, quer dizer, da Palavra e dos sacramentos do evangelho (o batismo e Santa Comunhão), Deus ministra vida em Cristo aos fiéis, capacitando-os assim à adoração, ao testemunho e ao serviço. Na vida da igreja só deve manter-se como essencial para a salvação aquilo que pode ser comprovado nas Escrituras. O não essencial não deve ser requerido de ninguém como crença, nem exigido como matéria de doutrina, disciplina ou culto.

Ef 3:10-21, 5:23-27, I Tm 3.15, Hb 12:1-2, II Tm 3.14-17 (Ver Artigos XIX, XX e XXI).

8. A Nova vida em Cristo

Deus fez os seres humanos à sua imagem divina para que pudessem gloriar-se e alegrar-se nele para sempre. Desde a queda, o pecado tem nos distanciado a todos de Deus e trazido confusão às nossas motivações e ações.

Assim como a propiciação e a justificação restauram a nossa comunhão com Deus e nos perdoam o pecado, a regeneração e a santificação também nos renovam à imagem de Cristo, para podermos vencer o pecado. É o Espírito Santo quem nos ajuda a levar uma vida disciplinada e a praticar as disciplinas cristãs; e nos transforma através das mesmas, gradativamente.

Não nos é outorgada neste mundo a ausência total do pecado, nem em nível pessoal, nem na igreja ou na sociedade. Nós, cristãos, continuaremos sendo imperfeitos “em pensamento, palavra e obra” até sermos aperfeiçoados no céu.

Gn 1:26-28, 3, Jo 3:5-6, 16:13, Rm 3:23-24, 5:12, I Co 12:4-7, II Co 3:17-18, Gl 5:22-24, Ef 2:1-5, Fl 2:13, II Pe 3:10-13 (Ver Artigos IX-XVI).

9. O Ministério na Igreja
O Espírito Santo outorga dons diferentes e distintivos a todos os cristãos, com o propósito de glorificar a Deus e edificar sua igreja na verdade e no amor. Todo cristão recebe em seu batismo o chamado a ser um ministro, independentemente de gênero, raça, idade ou condição sócio-econômica.

Cada filho de Deus deve desenvolver seus dons no serviço para o qual Deus o chamou e capacitou.
Dentro do sacerdócio de todos os crentes, honramos o ministério da Palavra e dos sacramentos, para o qual são especialmente separados os bispos, os presbíteros e os diáconos.
Rm 12:6-8, I Co 3.16, 6:11, 12:4-7, 27, II Co 5:20, Gl 2.16, Ef 4:11-13, I Tm 3:1, 12-13, 5:17, Hb 2:11, I Pe 2:4-5, 9-10 (Ver Artigos XIX e XXIII).

10. O culto da igreja
O chamado primordial da igreja, assim como o de cada cristão, é oferecer culto, em Espírito e em verdade, ao Deus da criação, da providência e da graça.

As dimensões essencial do culto são o louvor e a ação de graças por todas as coisas boas, a proclamação e a celebração da glória de Deus e de Jesus Cristo, a oração pelas necessidades humanas e pelo avanço do reino de Cristo, e o oferecimento de nós mesmos como sacrifício vivo.
Todas as formas litúrgicas, sejam informais, escritas, musicais ou cerimoniais, devem se desenvolver sob a autoridade das Escrituras. O Livro de Oração Comum provê um padrão doutrinal alicerçado na Bíblia e deve ser observado como norma para toda alternativa litúrgica. Ele não deverá ser revisado drasticamente, no clima de confusão teológica que se encontra em muitas partes da igreja contemporânea.

Nenhuma forma de culto pode exaltar a Cristo verdadeiramente nem promover uma verdadeira devoção a ele sem a presença e o poder do Espírito Santo. A oração para a cura divina, tanto espiritual como física, é um bom elemento do culto anglicano.

Jo 4:24, 16:8-15, At 1:8, 2:42-47, Rm 12:1, ICo 11:23-26, 12:7, II Co 5:18-19, Ef 5:18-20, Cl 3:16, I Ts 1:4-5, 5:19 (Ver Artigo XXXIV).

11. A prioridade do evangelismo
Evangelizar significa proclamar a Jesus Cristo como Salvador divino, Senhor e Amigo, de modo que isso seja um convite às pessoas para aproximar-se de Deus por meio dele, render-lhe culto e servi-lo, e buscar o poder do Espírito Santo para uma vida de discipulado na comunidade da Igreja.
Todo cristão é chamado a testemunhar de Cristo, como sinal de amor tanto a ele como a seu próximo. Essa tarefa, que é um tema prioritário, requer treinamento pessoal e uma constante busca de métodos apropriados para obter uma comunicação persuasiva e convincente. Nós plantamos a semente e esperamos que Deus envie o fruto.

Mat 5:13-16, 28:19-20, Jo 3:16-18, 20:21, At 2:37-39, 5:31-32, Jo1, I Co 1:23, 15:2-4, II Co.4:5, 5:20, I Pe 3:15.

12. O desafio da missão mundial
Continua sendo necessário responder à Grande Comissão de Jesus Cristo através de um compromisso com o evangelismo e com o cuidado pastoral que vá além da nossa própria cultura. A ordem de Jesus Cristo para pregar o evangelho por todo o mundo, fazer discípulos e plantar igrejas, continua valendo. A missão deve se caracterizar pelo serviço.

Cristo e sua salvação devem ser proclamados em todo lugar, com sensibilidade mas energicamente, tanto em nosso país como no exterior. A missão transcultural tem que ser apoiada com oração, generosidade, ofertas e com o envio de missionários. A missão global envolve companheirismo e intercâmbio.

Mat 28:19-20, Mc 16:15, Lc 10:2, Rm 15:23-24, I Co 2:4-5, 9:22-23, II Co 4:5, 8:1,4,7, Ef 6:19-20, Fl 2:5-7, I Ts1:6-8.

13. O desafio da ação social
O evangelho compele a igreja a ser “sal” e “luz” no mundo e a mostrar coerência em sua vida diária e nos ensinamentos bíblicos para que se ordene corretamente a vida social, econômica e política e para que haja uma boa mordomia de toda a criação.

Os cristãos devem preocupar-se com a injustiça e em executar atos de misericórdia. Ainda que não se possa identificar nenhum sistema social com o Reino de Deus, a ação social é parte integrante da nossa obediência ao evangelho.

Gn 1:26-28, Is 30:18, 58:6-10, Am 5:24, Mt 5:13-16, 22:37-40, 25:31-46, Lc 4:17-21, Jo 20:21, II Co 1:3-4, Tg 2:14-26, I Jo 4:16, Ap 1:5-6, 5:9-10 (Ver Artigo XXXVIII).

14. Os padrões da conduta sexual
Deus planejou a sexualidade humana não apenas para a procriação, mas também como manifestação alegre do amor que se expressa na fidelidade entre um homem e uma mulher, dentro do casamento. Essa é a única relação sexual que a teologia bíblica considera boa e santa.
O adultério, a fornicação e as uniões homossexuais são intimidades contrárias ao ideal e ao propósito de Deus. Os cristãos, que como todos, lutam contra as tentações homossexuais, devem buscar um modo de receber e ministrar a santidade integral que tanto necessitamos em uma humanidade sexualmente prejudicada. A homofobia e todo tipo de hipocrisia e abuso sexual são males, e contra eles os cristãos devem estar sempre vigilantes.

A igreja não pode rebaixar os padrões divinos de conduta sexual para nenhum dos seus membros; ao contrário, deve buscar como honrar a Deus apoiando essas normas tenazmente e opor-se corajosamente aos desvios das mesmas que são aceitos na sociedade.

Cada congregação local tem que buscar as formas de responder às necessidades específicas que os solteiros têm de amizade e comunhão.

Gn 1:26-28, 2:21-24, Mt 5:27-32, 19:3-12, Lc 7:36-50, Jo 8:1-11, Rm 1:21-28, 3:22-24, I Co 6:9-11, 13-16, 7:7, Ef 5:3, I Tm 1:8-11, 3:2-4, 12.

15. A família e o chamado ao celibato
Para o amor, a intimidade, o crescimento até a maturidade, a estabilidade, a mulher, o homem e as crianças, todos, recebem sua orientação através da família nuclear.

O divórcio, o abuso de menores, a violência doméstica, o estupro, a pornografia, a ausência dos pais, a dominação machista, o aborto, o concubinato e os pares homossexuais, refletem, todos, o afrouxamento do ideal da família.

Os cristãos têm que fortalecer a vida familiar através do ensino, do treinamento, do apoio efetivo e do trabalho em busca das condições sócio-políticas que defendam a família.

As família nas quais há só um dos pais e as vítimas de lares desfeitos têm necessidades específicas às quais as congregações locais devem responder com sensibilidade e misericórdia.
O celibato é também digno de respeito como um dom de Deus e uma vocação santa. Os solteiros recebem com a chaada a graça de Deus para viver em castidade.

Sl 119:9-11, Pv 22:6, Mt 5:31-32, Mc 10:6-9, I Co.6:9-11, Ef 5:21, 6:4, Cl 3:18-21, Jo 3:14-15.

16. O Novo Começo
Juntos, reafirmamos nossa confiança no cristianismo anglicano que se expressa nos padrões históricos dos credos ecumênicos, dos Trinta e Nove Artigos de Religião e do Livro de Oração Comum.

O respeito por estes padrões reforça nossa identidade e comunhão. Como pecadores, reconhecemos que freqüentemente temos sido desobedientes ao Senhor da igreja. Com a ajuda de Deus, resolvemos guardar nossa herança de fé e transmiti-la intacta, integralmente.

Esta plenitude de fé é necessária tanto para a renovação anglicana como para a proclamação eficaz das Boas Novas de Jesus Cristo, no poder do Espírito Santo.

Convidamos a todos os anglicanos (e cristãos de outras denominações) a unir-se a nós, afirmando que esta Declaração contém o essencial da fé para o discipulado e para a prática cristã em nossos dias.

Nesta Declaração, cremos estar insistindo somente naquilo que é genuinamente essencial. Quanto ao não essencial, devemos pedir a graça do Senhor para reconhecer e respeitar a liberdade que tem tradicionalmente caracterizado nossa herança anglicana.

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AS 95 TESES DE LUTERO

1ª Tese Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo: "Arrependei-vos", certamente quer que toda a vida dos seus crentes na terra seja contínuo arrependimento.

2ª Tese E esta expressão não pode e não deve ser interpretada como referindo-se ao sacramento da penitência, isto é, à confissão e satisfação, a cargo do ofício dos sacerdotes.

3ª Tese Todavia não quer que apenas se entenda o arrependimento interno; o arrependimento interno nem mesmo é arrependimento quando não produz toda sorte de modificações da carne.

4ª Tese Assim sendo, o arrependimento e o pesar, isto é, a verdadeira penitência, perdura enquanto o homem se desagradar de si mesmo, a saber, até a entrada desta para a vida eterna.

5ª Tese O papa não quer e não pode dispensar outras penas, além das que impôs ao seu alvitre ou em acordo com os cânones, que são estatutos papais.

6ª Tese O papa não pode perdoar divida senão declarar e confirmar aquilo que já foi perdoado por Deus; ou então faz nos casos que lhe foram reservados. Nestes casos, se desprezados, a dívida deixaria de ser em absoluto anulada ou perdoada.

7ª Tese Deus a ninguém perdoa a dívida sem que ao mesmo tempo o subordine, em sincera humildade, ao sacerdote, seu vigário.

8ª Tese Canones poenitendiales, que não as ordenanças de prescrição da maneira em que se deve confessar e expiar, apenas aio Impostas aos vivos, e, de acordo com as mesmas ordenanças, não dizem respeito aos moribundos.

9ª Tese Eis porque o Espírito Santo nos faz bem mediante o papa, excluído este de todos os seus decretos ou direitos o artigo da morte e da necessidade suprema

10ª Tese Procedem desajuizadamente e mal os sacerdotes que reservam e impõem aos moribundos poenitentias canonicas ou penitências para o purgatório a fim de ali serem cumpridas.

11ª Tese Este joio, que é o de se transformar a penitência e satisfação, Previstas pelos cânones ou estatutos, em penitência ou penas do purgatório, foi semeado quando os bispos se achavam dormindo.

12ª Tese Outrora canonicae poenae, ou sejam penitência e satisfação por pecadores cometidos eram impostos, não depois, mas antes da absolvição, com a finalidade de provar a sinceridade do arrependimento e do pesar.

13ª Tese Os moribundos tudo satisfazem com a sua morte e estão mortos para o direito canônico, sendo, portanto, dispensados, com justiça, de sua imposição.

14ª Tese Piedade ou amor Imperfeitos da parte daquele qtie se acha às portas da morte necessariamente resultam em grande temor; logo, quanto menor o amor, tanto maior o temor.

15ª Tese Este temor e espanto em si tão só, sem falar de outras cousas, bastam para causar o tormento e o horror do purgatório, pois que se avizinham da angústia do desespero.

16ª Tese Inferno, purgatório e céu parecem ser tão diferentes quanto o são um do outro o desespero completo, incompleto ou quase desespero e certeza.

17ª Tese Parece que assim como no purgatório diminuem a angústia e o espanto das almas, nelas também deve crescer e aumentar o amor.

18ª Tese Bem assim parece não ter sido provado, nem por boas ações e nem pela Escritura, que as almas no purgatório se encontram fora da possibilidade do mérito ou do crescimento no amor.

19ª Tese Ainda parece não ter sido provado que todas as almas do purgatório tenham certeza de sua salvação e não receiem por ela, não obstante nós termos absoluta certeza disto.

20ª Tese Por isso o papa não quer dizer e nem compreende com as palavras “perdão plenário de todas as penas” que todo o tormento é perdoado, mas as penas por ele impostas.

21ª Tese Eis porque erram os apregoadores de indulgências ao afirmarem ser o homem perdoado de todas as penas e salvo mediante a indulgência do papa.

22ª Tese Pensa com efeito, o papa nenhuma pena dispensa às almas no purgatório das que segundo os cânones da Igreja deviam ter expiado e pago na presente vida.

23ª Tese Verdade é que se houver qualquer perdão plenário das penas, este apenas será dado aos mais perfeitos, que são muito poucos.

24ª Tese Assim sendo, a maioria do povo é ludibriada com as pomposas promessas do indistinto perdão, impressionando-se o homem singelo com as penas pagas.

25ª Tese Exatamente o mesmo poder geral, que o papa tem sobre o purgatório, qualquer bispo e cura d’almas o tem no seu bispado e na sua paróquia, quer de modo especial e quer para com os seus em particular.

26ª Tese O papa faz muito bem em não conceder às almas o perdão em virtude do poder das chaves (ao qual não possui), mas pela ajuda ou em forma de intercessão.

27ª Tese Pregam futilidades humanas quantos alegam que no momento em que a moeda soa ao cair na caixa a alma se vai do purgatório.

28ª Tese Certo é que no momento em que a moeda soa na caixa vêm o lucro e o amor ao dinheiro cresce e aumenta; a ajuda, porém, ou a intercessão da Igreja tão só correspondem à vontade e ao agrado de Deus.

29ª Tese E quem sabe, se todas as almas do purgatório querem ser libertadas, quando há quem diga o que sucedeu com Santo Severino e Pascoal.

30ª Tese Ninguém tem certeza da suficiência do seu arrependimento e pesar verdadeiros; muito menos certeza pode ter de haver alcançado pleno perdão dos seus pecados.

31ª Tese Tão raro como existe alguém que possui arrependimento e, pesar verdadeiros, tão raro também é aquele que verdadeiramente alcança indulgência, sendo bem poucos os que se encontram.

32ª Tese Irão para o diabo juntamente com os seus mestres aqueles que julgam obter certeza de sua salvação mediante breves de indulgência.

33ª Tese Há que acautelasse muito e ter cuidado daqueles que dizem: A indulgência do papa é a mais sublime e mais preciosa graça ou dadiva de Deus, pela qual o homem é reconciliado com Deus.

34ª Tese Tanto assim que a graça da indulgência apenas se refere à pena satisfatória estipulada por homens.

35ª Tese Ensinam de maneira ímpia quantos alegam que aqueles que querem livrar almas do purgatório ou adquirir breves de confissão não necessitam de arrependimento e pesar.

36ª Tese Todo e qualquer cristão que se arrepende verdadeiramente dos seus pecados, sente pesar por ter pecado, tem pleno perdão da pena e da dívida, perdão esse que lhe pertence mesmo sem breve de indulgência.

37ª Tese Todo e qualquer cristão verdadeiro, vivo ou morto, é participante de todos os bens de Cristo e da Igreja, dádiva de Deus, mesmo sem breve de indulgência.

38ª Tese Entretanto se não deve desprezar o perdão e a distribuição por parte do papa. Pois, conforme declarei, o seu perdão constitui uma declaração do perdão divino.

39ª Tese É extremamente difícil, mesmo para os mais doutos teólogos, exaltar diante do povo ao mesmo tempo a grande riqueza da indulgência e ao contrário o verdadeiro arrependimento e pesar.

40ª Tese O verdadeiro arrependimento e pesar buscam e amam o castigo: mas a profusão da indulgência livra das penas e faz com que se as aborreça, pelo menos quando há oportunidade para isso.

41ª Tese É necessário pregar cautelosamente sobre a indulgência papal para que o homem singelo não julgue erroneamente ser a indulgência preferível às demais obras de caridade ou melhor do que elas.

42ª Tese Deve-se ensinar aos cristãos, não ser pensamento e opinião do papa que a aquisição de indulgência de alguma maneira possa ser comparada com qualquer obra de caridade.

43ª Tese Deve-se ensinar aos cristãos proceder melhor quem dá aos pobres ou empresta aos necessitados do que os que compram indulgências.

44ª Tese Ê que pela obra de caridade cresce o amor ao próximo e o homem torna-se mais piedoso; pelas indulgências, porém, não se torna melhor senão mais seguro e livre da pena.

45ª Tese Deve-se ensinar aos cristãos que aquele que vê seu próximo padecer necessidade e a despeito disto gasta dinheiro com indulgências, não adquire indulgências do papa. mas provoca a ira de Deus.

46ª Tese Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem fartura , fiquem com o necessário para a casa e de maneira nenhuma o esbanjem com indulgências.

47ª Tese Deve-se ensinar aos cristãos, ser a compra de indulgências livre e não ordenada

48ª Tese Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa precisa conceder mais indulgências, mais necessita de uma oração fervorosa do que de dinheiro.

49ª Tese Deve-se ensinar aos cristãos, serem muito boas as indulgências do papa enquanto o homem não confiar nelas; mas muito prejudiciais quando, em conseqüência delas, se perde o temor de Deus.

50ª Tese Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa tivesse conhecimento da traficância dos apregoadores de indulgências, preferiria ver a catedral de São Pedro ser reduzida a cinzas a ser edificada com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.

51ª Tese Deve-se ensinar aos cristãos que o papa, por dever seu, preferiria distribuir o seu dinheiro aos que em geral são despojados do dinheiro pelos apregoadores de indulgências, vendendo, se necessário fosse, a própria catedral de São Pedro.

52º Tese Comete-se injustiça contra a Palavra de Deus quando, no mesmo sermão, se consagra tanto ou mais tempo à indulgência do que à pregação da Palavra do Senhor.

53ª Tese São inimigos de Cristo e do papa quantos por causa da prédica de indulgências proíbem a Palavra de Deus nas demais igrejas.

54ª Tese Esperar ser salvo mediante breves de indulgência é vaidade e mentira, mesmo se o comissário de indulgências, mesmo se o próprio papa oferecesse sua alma como garantia.

55ª Tese A intenção do papa não pode ser outra do que celebrar a indulgência, que é a causa menor, com um sino, uma pompa e uma cerimônia, enquanto o Evangelho, que é o essencial, importa ser anunciado mediante cem sinos, centenas de pompas e solenidades.

56ª Tese Os tesouros da Igreja, dos quais o papa tira e distribui as indulgências, não são bastante mencionados e nem suficientemente conhecido na Igreja de Cristo.

57ª Tese Que não são bens temporais, é evidente, porquanto muitos pregadores a estes não distribuem com facilidade, antes os ajuntam.

58ª Tese Tão pouco são os merecimentos de Cristo e dos santos, porquanto estes sempre são eficientes e, independentemente do papa, operam salvação do homem interior e a cruz, a morte e o inferno para o homem exterior.

59ª Tese São Lourenço aos pobres chamava tesouros da Igreja, mas no sentido em que a palavra era usada na sua época.

60ª Tese Afirmamos com boa razão, sem temeridade ou leviandade, que estes tesouros são as chaves da Igreja, a ela dado pelo merecimento de Cristo.

61ª Tese Evidente é que para o perdão de penas e para a absolvição em determinados casos o poder do papa por si só basta.

62ª Tese O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.

63ª Tese Este tesouro, porém, é muito desprezado e odiado, porquanto faz com que os primeiros sejam os últimos.

64ª Tese Enquanto isso o tesouro das indulgências é sabiamente o mais apreciado, porquanto faz com que os últimos sejam os primeiros.

65ª Tese Por essa razão os tesouros evangélicos outrora foram as redes com que se apanhavam os ricos e abastados.

66ª Tese Os tesouros das indulgências, porém, são as redes com que hoje se apanham as riquezas dos homens.

67ª Tese As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como a mais sublime graça decerto assim são consideradas porque lhes trazem grandes proventos.

68ª Tese Nem por isso semelhante indigência não deixa de ser a mais Intima graça comparada com a graça de Deus e a piedade da cruz.

69ª Tese Os bispos e os sacerdotes são obrigados a receber os comissários das indulgências apostólicas com toda a reverência

70ª Tese Entretanto têm muito maior dever de conservar abertos olhos e ouvidos, para que estes comissários, em vez de cumprirem as ordens recebidas do papa, não preguem os seus próprios sonhos.

71ª Tese Aquele, porém, que se insurgir contra as palavras insolentes e arrogantes dos apregoadores de indulgências, seja abençoado.

72ª Tese Quem levanta a sua voz contra a verdade das indulgências papais é excomungado e maldito.

73ª Tese Da mesma maneira em que o papa usa de justiça ao fulminar com a excomunhão aos que em prejuízo do comércio de indulgências procedem astuciosamente.

74ª Tese Muito mais deseja atingir com o desfavor e a excomunhão àqueles que, sob o pretexto de indulgência, prejudiquem a santa caridade e a verdade pela sua maneira de agir.

75ª Tese Considerar as indulgências do papa tão poderosas, a ponto de poderem absolver alguém dos pecados, mesmo que (cousa impossível) tivesse deshonrado a mãe de Deus, significa ser demente.

76ª Tese Bem ao contrario, afirmamos que a indulgência do papa nem mesmo o menor pecado venial pode anular o que diz respeito à culpa que constitui.

77ª Tese Dizer que mesmo São Pedro, se agora fosse papa, não poderia dispensar maior indulgência, significa blasfemar S. Pedro e o papa.

78ª Tese Em contrario dizemos que o atual papa, e todos os que o sucederam, é detentor de muito maior indulgência, isto é, o Evangelho. as virtudes o dom de curar, etc., de acordo com o que diz 1Coríntios 12.

79ª Tese Afirmar ter a cruz de indulgências adornada com as armas do papa e colocada na igreja tanto valor como a própria cruz de Cristo, é blasfêmia.

80ª Tese Os bispos, padres e teólogos que consentem em semelhante linguagem diante do povo, terão de prestar contas deste procedimento.

81ª Tese Semelhante pregação, a enaltecer atrevida e insolentemente a Indulgência, faz com que mesmo a homens doutos é difícil proteger a devida reverência ao papa contra a maledicência e as fortes objeções dos leigos.

82ª Tese Eis um exemplo: Por que o papa não tira duma só vez todas as almas do purgatório, movido por santíssima' caridade e em face da mais premente necessidade das almas, que seria justíssirno motivo para tanto, quando em troca de vil dinheiro para a construção da catedral de S. Pedro, livra um sem número de almas, logo por motivo bastante Insignificante?

83ª Tese Outrossim: Por que continuam as exéquias e missas de ano em sufrágio das almas dos defuntos e não se devolve o dinheiro recebido para o mesmo fim ou não se permite os doadores busquem de novo os benefícios ou pretendas oferecidos em favor dos mortos, visto' ser Injusto continuar a rezar pelos já resgatados?

84ª Tese Ainda: Que nova piedade de Deus e dó papa é esta, que permite a um ímpio e inimigo resgatar uma alma piedosa e agradável a Deus por amor ao dinheiro e não resgatar esta mesma alma piedosa e querida de sua grande necessidade por livre amor e sem paga?

85ª Tese Ainda: Por que os cânones de penitencia, que, de fato, faz muito caducaram e morreram pelo desuso, tornam a ser resgatados mediante dinheiro em forma de indulgência como se continuassem bem vivos e em vigor?

86ª Tese Ainda: Por que o papa, cuja fortuna hoje é mais principesca do que a de qualquer Credo, não prefere edificar a catedral de S. Pedro de seu próprio bolso em vez de o fazer com o dinheiro de fiéis pobres?

87ª Tese Ainda: Quê ou que parte concede o papa do dinheiro proveniente de indulgências aos que pela penitência completa assiste o direito à indulgência plenária?

88ª Tese Afinal: Que maior bem poderia receber a Igreja, se o papa, como Já O faz, cem vezes ao dia, concedesse a cada fiel semelhante dispensa e participação da indulgência a título gratuito.

89ª Tese Visto o papa visar mais a salvação das almas do que o dinheiro, por que revoga os breves de indulgência outrora por ele concedidos, aos quais atribuía as mesmas virtudes?

90ª Tese Refutar estes argumentos sagazes dos leigos pelo uso da força e não mediante argumentos da lógica, significa entregar a Igreja e o papa a zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.

91ª Tese Se a Indulgência fosse apregoada segundo o espírito e sentido do papa, aqueles receios seriam facilmente desfeitos, nem mesmo teriam surgido.

92ª Tese Fora, pois, com todos estes profetas que dizem ao povo de Cristo: Paz! Paz! e não há Paz.

93ª Tese Abençoados sejam, porém, todos os profetas que dizem à grei de Cristo: Cruz! Cruz! e não há cruz.

94ª Tese Admoestem-se os cristãos a que se empenhem em seguir sua Cabeça Cristo através do padecimento, morte e inferno.

95ª Tese E assim esperem mais entrar no Reino dos céus através de muitas tribulações do que facilitados diante de consolações infundadas.

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